PROTÓTIPO DE INSERÇÃO DA EXPERIÊNCIA JANGADEIRA NO BRASIL
Instalação (175 x 160cm)
2021
13 quadros (impressão s/ papel algodão)
Livre
Um branding publicitário que apresenta um projeto de instalação para os mais importantes museus e galerias brasileiros: um stand comercial onde serão vendidos pacotes para uma viagem de jangada no sentido Sudeste-Nordeste, tendo como referência a viagem de 4 jangadeiros cearenses em 1941.
FICHA TÉCNICA
Criação: Felipe Damasceno, Honório Félix, Renan Capivara, Sarah Nastroyanni e William Pereira Monte
Arte gráfica: Felipe Damasceno
Realização: No barraco da Constância tem!
PRINCIPAIS EXIBIÇÕES
- 72º Salão de Abril 2021. Salão Nacional de Artes Visuais – Casa do Barão de Camocim – Vila das Artes - Fortaleza (CE).
PRÊMIOS
- Exibição – 72º Salão de Abril 2021 – Instituto Iracema e Secultfor.
RELEASE
Em janeiro de 2021, a Veja São Paulo lançou uma matéria afirmando a capital paulistana como a capital do Nordeste. Narrando histórias de profissionais nordestinos que conseguiram crescer profissionalmente no Sudeste, o texto publicado dizia ainda que, diferentemente daqueles que construíram a Grande São Paulo em empregos subalternizados durante o século XX, os novos migrantes são agora grandes empresários, proprietários de startups, donos de projetos inovadores nas áreas da gastronomia, do design, da engenharia etc. Tratando a questão migratória Nordeste-Sudeste como um fim necessário — antes a sobrevivência, e agora ao sucesso — o artigo não coloca em questão os processos sociais e econômicos que levaram, historicamente, a repetição desse processo de deslocamento. Ao contrário: põe São Paulo como protagonista, como a capital de uma região mais uma vez invisibilizada pelo sublinhar da capacidade mercadológica do Sudeste em ser uma seara das oportunidades diante do imaginário equivocado de um Nordeste precário. É tão somente lá, nesse Sudeste, que o nordestino, chancelado por uma lógica meritocrática, tem a sua tão sonhada oportunidade de vencer na vida, fortalecendo o ideal neoliberal de superação do imaginário de pobreza e de miséria que o seu lugar de naturalidade suscita. 80 anos antes, em 1941, quatro pescadores — Jacaré (Manuel Olímpio Meira), Manuel Preto, Tatá e Jerônimo — partiram do Ceará rumo ao Rio de Janeiro, a bordo da jangada São Pedro, para reclamar com Getúlio Vargas os direitos trabalhistas de sua classe pesqueira. A empreitada foi um sucesso e Jacaré se tornou um herói. Sua figura, então, gerou grande interesse no cineasta americano Orson Welles, que estaria vindo ao Brasil em 1942 para realizar um documentário. No filme, Orson resolveu reproduzir a cena da chegada dos jangadeiros à baía de Guanabara com o próprio Jacaré e a sua tripulação. Porém, durante as gravações, aconteceu um terrível acidente: a embarcação virou e Jacaré desapareceu para sempre. Em 2020, o No barraco da Constância tern! começou a desenvolver uma investigação poética em torno da saga dos jangadeiros cearenses — e do sumiço de Jacaré — relacionada às questões socioeconômicas imbricadas no trajeto Nordeste-Sudeste, inclusive na “atualização” da questão colocada pela revista paulistana. Em abril de 2021, o coletivo materializou um trabalho audiovisual intitulado O desaparecimento do jangadeiro Jacaré em Alcácer-Quibir (2021), apresentado em abril na mostra Cena Agora - Encruzilhada Nordeste(s): (contra)narrativas poéticas, do Itaú Cultural. Desdobrando, em uma nova proposição, a pesquisa do coletivo em torno da saga dos quatro jangadeiros e sobre as problemáticas existentes na publicação da Veja São Paulo, a obra Protótipo de inserção da experiência jangadeira no Brasil propõe a publicização de um empreendimento entre a arte e o turismo a ser materializada posteriormente no Sudeste brasileiro, na ocasião dos 100 anos da Semana da Arte Moderna — em 2022. Assim, a obra se apresenta de forma metalinguística, sendo ela uma espécie de branding. Um projeto de instalação futura que consiste em um stand comercial a ser instalado nos mais importantes museus e galerias brasileiros, onde serão vendidos pacotes para uma viagem turística e performática de jangada — mas agora no sentido inverso: do Sudeste ao Nordeste. Para isto, o coletivo desenvolveu um intenso processo de observação e reprodução de layouts recorrentes em peças publicitárias desenvolvidas por pequenas empresas de turismo, bem como de campanhas de grandes construtoras — responsáveis contribuidoras da gentrificação da orla de Fortaleza, outrora povoada por casas de uma comunidade pesqueira. Entendendo, também, o imaginário coletivo acerca dos tipos nordestinos, fortalecidos pelo romantismo em suas representações, também como um layout a ser explorado, a instalação visa, ainda, se apropriar desses estereótipos para lançar questões acerca da construção da ideia (assim mesmo no singular) de Nordeste, sobretudo na figura do jangadeiro.
Galeria