Histórias de dominação sobre a nossa subjetividade. Questões em torno da figura do artista. Teatros hegemonicamente constituídos como convenções. Cidades fora do mapa. Memória dos palcos. Vitrines para o glamour e a decadência. Tendências românticas. Assuntos coloniais. Sátiras histriônicas e inúmeros fantasmas. Um universo de invocação dos mitos transmutado a uma profanação que aciona e narra as crises do fazer teatral no ocidente, produzindo na cena o termo Espetáculo como um corpo a ser dissecado.
Trabalho realizado através do X Edital de Incentivo às Artes (2015), da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult CE).
FICHA TÉCNICA
Direção, dramaturgia e texto: Honório Félix
Assistência de direção: William Pereira Monte
Criação e interpretação: Ariel Volkova, Honório Félix, Noá Bonoba, Tayana Tavares e William Pereira Monte
Revisão textual: Noá Bonoba
Iluminação: Raí Santorini
Cenário: Honório Félix, Noá Bonoba, Ruth Aragão e William Pereira Monte
Figurino: Ruth Aragão
Maquiagem: Ariel Volkova, Gabriel Matos, Honório Félix, Jupyra Carvalho, Noá Bonoba, Ruth Aragão, Tayana Tavares e William Pereira Monte
Edição de som: Wladimir Cavalcante
Música original: Noá Bonoba e Wladimir Cavalcante
Produção de montagem: Honório Félix, Noá Bonoba e William Pereira Monte
Produção de circulação: William Pereira Monte
Fotografia: Toni Benvenuti
Provocação: Gabriel Matos, Karine Freitas, Lara Melo, Loreta Dialla, Tayana Tavares e Victor Hugo Portela
Realização: No barraco da Constância tem!
PRINCIPAIS EXIBIÇÕES
- Palco Giratório 2020 – Mostra local. Mostra de teatro – Teatro Cuca Mondubim – Fortaleza (CE);
- Festival de Teatro de Fortaleza 2019. Mostra de teatro – Teatro Carlos Câmara – Fortaleza (CE);
- Temporada de arte cearense 2018. Edital de ocupação – Teatro Dragão do Mar – Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura – Fortaleza (CE);
- 5º Maloca Dragão 2018. Evento de múltiplas linguagens – Teatro da Praia – Fortaleza (CE);
- Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga 2017. Mostra de teatro – Teatro Rachel de Queiroz – Guaramiranga (CE);
- Apresentação avulsa 2019 – Teatro B. de Paiva – Porto Dragão – Fortaleza (CE);
- Temporada 2019 – Centro Cultural Banco do Nordeste – Fortaleza (CE);
- Temporada 2017 – Teatro Sesc Emiliano Queiroz – Fortaleza (CE);
- Apresentação avulsa 2018 – Cineteatro São Luiz – Fortaleza (CE);
- Apresentação avulsa 2017 – Centro Cultural Bom Jardim – Fortaleza (CE);
- Temporadas e apresentações avulsas entre os anos de 2016 e 2018 – Teatro Sesc Iracema – Sesc Iracema – Fortaleza (CE);
- Temporadas e apresentações avulsas entre os anos de 2016 e 2018 – Teatro Dragão do Mar – Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura – Fortaleza (CE);
- Temporada 2016 – Casa da Esquina – Fortaleza (CE).
PRÊMIOS
- Ocupação – Edital Temporada de Arte Cearense 2018 – Instituto Dragão do Mar;
- Montagem – X Edital de Incentivo às Artes – Secult CE.
RELEASE
“Marlene – dissecação do corpo do Espetáculo” é um melodrama, uma tragédia, uma revista, um drama, uma comédia: uma miscelânea de gêneros teatrais que realiza, na sua construção, um panorama acerca de como se construiu, na sua hegemonia ocidental, o que entendemos por Teatro. Criado no ano de 2016 pelo coletivo No barraco da Constância tem!, o principal ponto de partida para a criação desse trabalho foi a inquietação gerada ao perceber, no teatro que realizamos, uma impregnação de escolhas pautadas por uma construção muito acima de nós; tanto nos nossos fazeres técnicos quanto subjetivos. Tendo, portanto, essa prerrogativa geopolítica de estarmos situados no terceiro mundo, começamos a levantar questões acerca daquilo que foi colonialmente introduzido no nosso modo de fazer, desde as técnicas de criação autoral às poéticas de encenação geralmente de matrizes europeia. Alargando o debate de maneira interseccional, também percebemos que, como brasileiros, não somos relevantes na história do Teatro brasileira por estarmos fora do eixo sudestino, que se afirma como o principal eixo de criação artística no Brasil. Eis, então, que se tornou necessário a nós a realização de uma dissecação do Teatro; de como surge e se perpetua ainda hoje o fazer espetáculo, o fazer show, o fazer artista como um gênio criador, o fazer arte como a criação de um sublime, o fazer atriz como uma diva inalcançável e, por consequência, a necessidade não questionada na maioria de nós de querermos perpetuar ao longo dos tempos como estátuas de mármore; a necessidade da fama, do celebritismo; de ser inesquecível; de se espelhar em grandes figuras; de não enxergar grandes artistas como humanos, mas como monstros sagrados. Como tornar visível algo que parece naturalizado nas relações de poder e de dominação que resvalam no fazer teatral?